O Egito na visão de Napoleão Bonaparte e de 167 estudiosos franceses da mesma época pode ser visto em São Paulo até o dia 19 de dezembro, na sede do Itaú Cultural. A exposição “O Egito sob o Olhar de Napoleão” exibe 14 gravuras que fazem parte dos 22 volumes do livro “Descrição do Egito”, resultado de uma incursão militar no país árabe em 1798.
Além das gravuras originais do livro, que pertencem ao acervo do próprio Banco Itaú, estão expostas as matrizes em bronze destas figuras, cedidas pelo Museu do Louvre, e oito peças egípcias, três do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e cinco de coleção particular.
“Uma coisa que chama a atenção é a multiplicidade de possibilidades que a ‘Descrição do Egito’ oferece. Ele mostra o Egito Antigo, mas também o Egito moderno”, diz o arqueólogo Vagner Porto, curador da exposição, sobre a variedade de assuntos tratados nos volumes da obra.
Entre as gravuras expostas, Porto destaca duas em especial: a esfinge, “que representa o símbolo do Egito Antigo”; e o livro dos mortos. Esta traz a representação do julgamento pelo qual os egípcios acreditavam que os espíritos eram submetidos após a morte.
“No Egito Antigo, os mortos tinham que passar pelo tribunal do deus Osíris”, explica o curador. Ele conta que, durante o julgamento, o coração do morto era colocado em um dos lados de uma balança, enquanto no outro era colocada uma pluma. Para ser salvo, o coração precisava ser livre de maldades e pecados, não podendo pesar mais do que a pluma.
A mostra é dividida em cinco seções: Cartografia, Religião, Egito Moderno, História Natural e Arquitetura. Esta última, segundo Porto, é o destaque da exposição. “É muito importante a questão da arquitetura em todos os volumes da ‘Descrição’”, destaca o curador.
Para que os visitantes possam conhecer mais da obra, além das páginas expostas dos livros, estão à disposição 13 telas interativas nas quais o público pode ver outras gravuras presentes em “Descrição do Egito”, como se estivesse folheando um livro verdadeiro.
A viagem e a publicação do livro
Com o objetivo de deter a dominação britânica no Egito, o então general Napoleão Bonaparte viajou ao país árabe com uma força de 34 mil homens, acompanhados de 167 estudiosos, entre artistas, gravadores, escultores, impressores, arquitetos, astrônomos, geógrafos, químicos e outros especialistas, encabeçados pelo artista e barão Dominique Vivant Denon.
Denon seguiu para o Alto Egito e fez uma série de esboços rápidos de suas ruínas. O general reconheceu a importância do registro e pediu aos cientistas que medissem e desenhassem os monumentos. Napoleão formou, assim, a bases de “Descrição do Egito”, que acabaria dirigindo a atenção do mundo para o Egito Antigo, embasando os estudos modernos de sua história.
A coleção totaliza 22 volumes, dos quais 21 estão exibidos na mostra, e mais de 900 gravuras em metal e está dividida em três partes: Antiguidade, Estado Moderno e História Natural.
Foi a publicação, no entanto, do livro “Viagem pelo Baixo e Alto Egito”, de Denon, que levou Napoleão a publicar “Descrição do Egito”, em 1809. Uma das gravuras do barão francês pode ser vista na exibição. “Denon publicou seu livro por conta própria e, graças ao sucesso, motivou a publicação do ‘Descrição do Egito’”, relata Porto.
Serviço
O Egito sob o Olhar de Napoleão
Local: Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, São Paulo
Data e horários: até 19 de dezembro, de terça a sexta, das 9h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h.
Entrada gratuita
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